MOLHO DE PIMENTA COM TUCUPI FAZ SUCESSO


Da comunidade de Jacamim, o sabor apimentado de Roraima ganhou o mercado nacional e internacional com os molhos de Dona Flora

A história empreendedora da índia Wapichana Florence da Silva, de 50 anos, é inspiradora. Sobrevivendo apenas do que plantava na comunidade do Jacamim, em Bonfim, município a 120 quilômetros da Capital pela BR-401, Leste de Roraima, Dona Flora, como é mais conhecida pelos parentes, teve uma ideia brilhante e, a partir daí, mudou de vida. Hoje ela cria três filhos e sete netos, em Boa Vista, apenas com dinheiro da venda de seus molhos de pimenta. Entre os clientes, há alguns norte-americanos e venezuelanos

Inibida, mas muito carismática, Dona Flora lembrou como tudo começou. Disse que, há cinco anos, cansada da vida difícil que levava no interior, decidiu plantar pimenta para vender nas feiras-livres da Capital. O negócio deu certo e foi melhorando a cada ano, até que ela passou a produzir o próprio molho de pimenta à base de tucupi, que é um caldo amarelo extraído da mandioca.

“Então, comecei a vender e, de um tempo para cá, consegui uma boa clientela, formada até por estrangeiros. Já vendi e vendo meus molhos para norte-americanos e venezuelanos. Também exporto para os estados do Maranhão, Bahia, Pará, Amazonas e São Paulo. O que ganho dá para eu viver bem com minha família”, disse.
Por dia, dona Flora faz 500 litros de molho. A quantidade de pedidos é tanta que agora ela tem que comprar pimenta de outros agricultores, em especial das comunidades indígenas da Serra da Lua e do Taboca, no Município do Cantá, a 35 quilômetros da Capital pela BR-401, região Centro-Leste de Roraima. Ela também compra o tucupi de parentes das comunidades indígenas de Canauanin e Taba Lascada, também no Cantá.
As pimentas mais utilizadas na produção dos molhos são: malagueta, murupi, olho-de-peixe, canaimé, malaguetão e a olho-de-tambaqui. A vida hoje melhorou para Dona Flora, mas ela ainda mantém os costumes indígenas e acorda bem cedinho. “Tem dia que eu levanto duas horas da manhã para começar a fazer os molhos”, ressaltou.
O preço dos molhos de pimenta varia de acordo com a quantidade. Uma garrafinha sai até por R$ 2,50. A garrafa de dois litros custa R$ 50,00. Dona Flora vende até 100 garrafas por dia. Um dos filhos de dona Flora faz a entrega dos molhos em domicílio ou em comércios e feiras-livres da Capital. Além da pimenta, a autônoma também vende quibe feito de arroz. “Uma coisa completa a outra”, brinca Flora, sempre com visão empreendedora.
O ponto comercial da autônoma chama-se Flora Pimenta Regional e funciona na Avenida Carmelo, no bairro Doutor Sílvio Botelho, zona Oeste da cidade. Quem estiver interessado, basta ligar para 99169-2761. (AJ)

Pimenta roraimense tem enorme variedade que agrada o mercado

Roraima é um dos maiores produtores de pimenta da região Norte. Não há número exato para a produção local, mas estima-se que os plantios desta cultura variam de 2 mil a 5 mil pés por família produtora. Grande parte da produção é vendida no mercado local. O preço da saca de 20 quilos da pimenta “in natura”, a verde, varia de R$ 30,00 a R$ 40,00. Mas parte da produção segue para Manaus (AM) e de lá vai para outros estados e países.
As pimentas cultivadas em Roraima possuem uma enorme diversidade de forma, de cor e de nível de ardência. Pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) apontaram que as pimentas malagueta, murupi e olho-de-peixe são as mais produzidas e consumidas pelas comunidades indígenas regionais.


MOLHO DE PIMENTA COM TUCUPI FAZ SUCESSO MOLHO DE PIMENTA COM TUCUPI FAZ SUCESSO Reviewed by Confraria da Pimenta on terça-feira, junho 04, 2019 Rating: 5

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